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O Melhor Restaurante de São Paulo


Um restaurante é definido como o melhor da cidade naquele determinado momento e até que outro o seja. Mas será que haveria um melhor de “todos os tempos” ?

Na opinião de alguns especialistas e deste cronista , sim. E, em São Paulo foi o PROGREDIOR.

Este estranho nome, presente do indicativo na 3@ conjugação do verbo latino progrediri quer dizer avanço, progrido

Foi inaugurado em 19/12/1892 na então elegante rua XV de novembro, ao custo de

400 contos de réis, algo em torno de R$ 20 milhões de hoje

A imprensa, deslumbrada descreveu detalhes da casa e do jantar de inauguração:

O cardápio :

Consommé de volailles à la Progredior

Potage à la Correio Paulistano

Loup de mer

Sauce hollandaise

Filet de boeuf à la Jockey Club

Noix de veau à la Platéa

Poulardes de la Bresse à la Perigord

Paté de foie gras em belle vue

Asperges em branche sauce au beurre

Petit pois à la française

Punch à la Legalité

Dindon à la Estado de S. Paulo

Faisan du Bohéme à la broche sur canapé

Salade de legumes à la Russe

Plumpouding à l’anglaise

Glacé panaché à la Diário Popular

Gateau Excelsior

Dessert assorti

Café et liqueurs

Tudo regado a 15 diferentes rótulos de vinhos franceses

O Restaurante:


Os repórteres foram pródigos em adjetivos, notadamente na maior das novidades trazidas pela casa, a iluminação elétrica ( que só chegou a cidade em 1905 e , na rua XV de novembro, em 1907), descrevendo as lâmpadas e sua potência em cada ambiente

“Inaugura-se hoje, nesta capital, o primeiro e mais bello café-restaurante da América do Sul”, publicou o Estado de SP

A matéria descrevia ambiente a ambiente, mesas, cadeiras e espelhos :

“ ... e à direita a buvette( buvette ou plump room era o local nos Spa’s ou estâncias minerais onde se degustava a água) com uma sumptuosa fonte de mármore de várias cores de onde sai cerveja ou água de Selters ou refresco”

...”Depois vem o salão de restaurante e concerto, todo decorado com painéis e à esquerda um palco orquestra e piano . Neste salão temos uma mesa grande para banquetes e 14 mesas pequenas, além do terraço com mais 6 mesas”

...” Por baixo do terraço fica a Usina de luz electrica, a caldeira de vapor , a machina de torrar e moer café e a fábrica de água gasosa que abastece a fonte. Abaixo do Salão de café, fica a cave com os melhores franceses e italianos, o depósito de mantimentos, depósito de carvão e o galinheiro”

O Progredior passou por poucas e boas, como o sócio que fugiu com o caixa da casa, levando a um leilão para pagamento de dívidas em 1893 onde foi-se tudo, até a milagrosa fonte.

Sob nova gestão, foi reformado ganhando balcões em mármore de Carrara, balcão de charutaria, cadeiras austríacas e, na cozinha, uma “machina que faz 200 sorvetes em 15 minutos “ e “uma vagonete para transportar alimentos que corre sobre 10 m de trilhos”

Em 1897 foi comprado por Henrique Stupakkof, um dos donos da pioneira Cervejaria Bavária

Passou a ter concertos todas as noites com a nova orquestra sob a regência do afamado Maestro Chiafarelli.

Em torno de 1900 entrou numa fase decadente, tornando-se mais uma casa de espetaculos, oferecendo a grande novidade da época, sessões de Cinematógrafo Pathé

Nesta fase, em 1905, exibiu exposição do fotógrafo Valério Vieira que dentre ou outras

exibia a “maior foto do mundo”, um painel de 11m de comprimento e 2m de altura que retratava um setor da cidade que ia do Bom Retiro até Higienópolis.

Em 1909 passou às mãos de Carlos Schorcht, dono do Depósito Normal e do restaurante Chopp. Como uma espécie de “filial da Casa Schorcht” como anunciaram os jornais, passou a ter serviço de chopp, sorvetes,bebidas frias e “lunch fino” até as 13:00h.

Também passou a servir o “five o’clock tea” diariamente

Em 1910 o restaurante foi abalado por uma tragédia quando o jovem Felicio Brandão, que vivia em meio a alta roda da cidade, entra , pede um chopp e calmamente suicida-se com um tiro na fronte

Em 1913 inaugura sua confeitaria que prometia “ o maior escrúpulo na confecção de sua fina pastelaria franceza”

Em 1916 inaugura-se em dos salões de jantar o Salão de Bilhares Progredior


Neste ano, o conde Prates, proprietário do imóvel, vende-o ao Banco Commercial do Estado de SP por 1 milhão de contos de réis

O Progredior durou até 1918, quando não conseguiu renegociar o aluguel com o novo proprietário e reabriu na rua Direita, com o nome de A Thebaída, já sem a mesma força e categoria originais

Noticiou o Coreio Paulistano em 17/01/1918:

“E, assim, sem mais nem menos, desapparece um estabelecimento como o ‘Progredior’, que fazia honra à nossa capital e que era, principalmente nos dias das festas populares, o ponto para o qual convergia toda a nossa população”

( crônica escrita base os preciosos textos de Edison Loureiro e Heloísa Barbary)

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